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Comoção pela morte de Kim Jong-il é genuína, diz embaixador brasileiro na Coreia do Norte
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Comoção pela morte de Kim Jong-il é genuína, diz embaixador brasileiro na Coreia do Norte
Segundo Arnaldo Carrilho, o país está 'encoberto em luto profundo'
Pouco se sabe sobre a República Democrática Popular da Coreia. O país, de 24 milhões de habitantes, é um dos mais fechados do mundo e, por isso, é frequentemente alvo de análises subjetivas. Exemplo disso é que após a morte do líder Kim Jong-il, no sábado (17/12), as cenas de norte-coreanos chorando nas ruas levantaram a dúvida se eles estariam realmente emocionados. Mas, de acordo com o embaixador brasileiro em Pyongyang, Arnaldo Carrilho, que vive na capital há mais de um ano, o clima é de genuína consternação com o falecimento do “Grande Líder”.
“A Coreia do Norte está encoberta em luto profundo. [Kim Jong-il] era visto com admiração, especial carinho e respeito”, contou Carrilho em entrevista por email ao Opera Mundi. Segundo ele, os questionamentos de alguns países do Ocidente sobre os rumos tomados pelo país incomodam os norte-coreanos, especialmente aqueles vindos da imprensa, que é vista como “uma injunção do imperialismo ocidental”.
Carrilho também explicou que o culto à personalidade do líder falecido e de seu pai, “Fundador da Pátria, o Iluminado Kim il Sung”, como é chamado o ex-governante, pai de Jong-il, faz parte da cultura coreana, “a ponto de conviver bem com o stalinismo (1945-53)”, o que foi interrompido pela ocupação norte-americana no Sul.
Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, a antes ocupada Coreia foi divida, com o Norte sendo administrado pela União Soviética e o Sul pelos Estados Unidos. Após a saída da URSS, a reunificação se encaminhava, mas a consolidação do regime de Syngman Rhee no Sul, com o apoio dos EUA, acabou com as esperanças. Em 1950, teve início a Guerra da Coreia, com os dois lados querendo a reunificação sob seus respectivos governos. Tecnicamente, os dois países permanecem em conflito.
As informações desencontradas no Ocidente, conforme explicou Carrilho, se devem ao fato de que não há correspondentes internacionais na Coreia do Norte e questionamentos, como a veracidade do choro da população, são comuns. “Esse tipo de informação é colhido em praças inimigas da RPDC, logo, suspeitas”, disse.
Processo de transição
Antes mesmo da morte de Kim Jong-il a Coreia do Norte já se preparava para a transição de poder, explicou Carrilho. De acordo com o embaixador, a nomeação ano passado do filho caçula do líder morto, Kim Jong-un, como general, vice-presidente da Comissão Nacional Militar e membro do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, já demonstrava isso.
Quanto à atuação do Brasil após o falecimento do líder norte-coreano, Carrilho garantiu que o país “continuará a manter boas relações com as duas Coreias, nas esferas bilateral e multilateral, emprestando decisivo apoio à causa da reunificação da Península”, aliado ao intermédio desempenhado pelo Brasil nas discussões sobre o programa nuclear nas esferas internacionais.
Pressionada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o programa nuclear da Coreia do Norte foi foco das atenções há pouco tempo por conta de dois testes nucleares subterrâneos realizados nos últimos anos. O primeiro, em outubro de 2006, não obteve sucesso. Já o segundo, em maio de 2009, foi considerado mais potente. A capacidade do arsenal nuclear norte-coreano é desconhecida.
Vida cotidiana
Isolada do mundo, a Coreia do Norte atrai curiosidade justamente pelo pouco que se sabe sobre seu interior. Histórias de pobreza e fome são frequentes na imprensa, além de acusações de autoritarismo e repressão do governo.
“[Na Coreia do Norte] as pessoas se apresentam adequadamente vestidas, têm moradias disponíveis e vivem em cidades que primam pela limpeza pública. Os cortes de eletricidade, o racionamento de água corrente e a dieta alimentar reduzida não são de molde a afetar o trabalho social”, afirmou o embaixador brasileiro.
De acordo com ele, nas regiões mais afastadas do Norte, nas fronteiras com a China e a Rússia, os níveis de pobreza são mais precários, mas ambos países já iniciaram cooperação com a RPDC, visando à criação de ZEEs (zonas econômicas especiais).
Opera Mundi
Pouco se sabe sobre a República Democrática Popular da Coreia. O país, de 24 milhões de habitantes, é um dos mais fechados do mundo e, por isso, é frequentemente alvo de análises subjetivas. Exemplo disso é que após a morte do líder Kim Jong-il, no sábado (17/12), as cenas de norte-coreanos chorando nas ruas levantaram a dúvida se eles estariam realmente emocionados. Mas, de acordo com o embaixador brasileiro em Pyongyang, Arnaldo Carrilho, que vive na capital há mais de um ano, o clima é de genuína consternação com o falecimento do “Grande Líder”.
“A Coreia do Norte está encoberta em luto profundo. [Kim Jong-il] era visto com admiração, especial carinho e respeito”, contou Carrilho em entrevista por email ao Opera Mundi. Segundo ele, os questionamentos de alguns países do Ocidente sobre os rumos tomados pelo país incomodam os norte-coreanos, especialmente aqueles vindos da imprensa, que é vista como “uma injunção do imperialismo ocidental”.
Carrilho também explicou que o culto à personalidade do líder falecido e de seu pai, “Fundador da Pátria, o Iluminado Kim il Sung”, como é chamado o ex-governante, pai de Jong-il, faz parte da cultura coreana, “a ponto de conviver bem com o stalinismo (1945-53)”, o que foi interrompido pela ocupação norte-americana no Sul.
Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, a antes ocupada Coreia foi divida, com o Norte sendo administrado pela União Soviética e o Sul pelos Estados Unidos. Após a saída da URSS, a reunificação se encaminhava, mas a consolidação do regime de Syngman Rhee no Sul, com o apoio dos EUA, acabou com as esperanças. Em 1950, teve início a Guerra da Coreia, com os dois lados querendo a reunificação sob seus respectivos governos. Tecnicamente, os dois países permanecem em conflito.
As informações desencontradas no Ocidente, conforme explicou Carrilho, se devem ao fato de que não há correspondentes internacionais na Coreia do Norte e questionamentos, como a veracidade do choro da população, são comuns. “Esse tipo de informação é colhido em praças inimigas da RPDC, logo, suspeitas”, disse.
Processo de transição
Antes mesmo da morte de Kim Jong-il a Coreia do Norte já se preparava para a transição de poder, explicou Carrilho. De acordo com o embaixador, a nomeação ano passado do filho caçula do líder morto, Kim Jong-un, como general, vice-presidente da Comissão Nacional Militar e membro do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, já demonstrava isso.
Quanto à atuação do Brasil após o falecimento do líder norte-coreano, Carrilho garantiu que o país “continuará a manter boas relações com as duas Coreias, nas esferas bilateral e multilateral, emprestando decisivo apoio à causa da reunificação da Península”, aliado ao intermédio desempenhado pelo Brasil nas discussões sobre o programa nuclear nas esferas internacionais.
Pressionada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o programa nuclear da Coreia do Norte foi foco das atenções há pouco tempo por conta de dois testes nucleares subterrâneos realizados nos últimos anos. O primeiro, em outubro de 2006, não obteve sucesso. Já o segundo, em maio de 2009, foi considerado mais potente. A capacidade do arsenal nuclear norte-coreano é desconhecida.
Vida cotidiana
Isolada do mundo, a Coreia do Norte atrai curiosidade justamente pelo pouco que se sabe sobre seu interior. Histórias de pobreza e fome são frequentes na imprensa, além de acusações de autoritarismo e repressão do governo.
“[Na Coreia do Norte] as pessoas se apresentam adequadamente vestidas, têm moradias disponíveis e vivem em cidades que primam pela limpeza pública. Os cortes de eletricidade, o racionamento de água corrente e a dieta alimentar reduzida não são de molde a afetar o trabalho social”, afirmou o embaixador brasileiro.
De acordo com ele, nas regiões mais afastadas do Norte, nas fronteiras com a China e a Rússia, os níveis de pobreza são mais precários, mas ambos países já iniciaram cooperação com a RPDC, visando à criação de ZEEs (zonas econômicas especiais).
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